“Morre jovem o que os deuses amam…”
Assim começa este tributo, na revista Athena (Novembro,1924), escrito por Fernando Pessoa e dedicado ao seu grande amigo, Mário de Sá Carneiro, 8 anos após o seu suicídio.
Pessoa faz uma verdadeira homenagem a Mário de Sá Carneiro num texto comovente, forte e arrebatador. Os dois mantiveram uma longa amizade e nota-se neste artigo toda a admiração que Pessoa nutre por Sá Carneiro, pela sua pessoa e trabalho.
Mário de Sá Carneiro foi um escritor português nascido em Lisboa no ano de 1890. Frequentou o curso de Direito em Coimbra (1911-1912) mas, desiludido partiu para Paris, onde pretendeu continuar os estudos. Porém, não frequentou as aulas e preferiu a vida boémia dos espectáculos, das ruas e dos cafés (o parisiense Cafe de la Paix, de que Sá Carneiro era cliente, tem desde 1900 uma placa evocativa do poeta). Na capital francesa, a que chamou “cidade da minha ternura” cultivou uma vida singular, valendo-se da protecção paterna e ligando-se a uma rapariga de rua, Heléne. Em 1916, a viver no Hotel de Nice (Montmartre, Paris), suicidou-se com cinco frascos de estricnina tendo convidado um amigo seu, José de Araújo, para lhe assistir à agonia.
Fernando Pessoa, com quem Sá Carneiro mantinha uma forte amizade, desde 1912, escreve neste artigo:
“Génio na arte, não teve Sá Carneiro nem alegria nem felicidade nesta vida. Só a arte, que fez ou que sentiu, por instantes o turbou de consolação. São assim os que os Deuses fadaram seus. Nem o amor os quer, nem a esperança os busca, nem a glória os acolhe. Ou morrem jovens, ou a si mesmos sobrevivem, incolas da incompreensão ou da indiferença. Este morreu jovem, porque os Deuses lhe tiveram muito amor.”
Mário de Sá Carneiro, segundo Pessoa neste artigo, teve uma vida miserável, dedicada à arte e preso ao facto de ser um génio. Era adorado pelos Deuses, e por isso sofria neste mundo de humanos. Sá Carneiro era mais do que humano, era um ser dotado de sensibilidade e inteligência. Vivia aliado deste mundo, agarrado às suas verdades que todos nós temos por mentira. Era um inovador no seu tempo e sofreu na sua grandeza como se não conseguisse gritar toda a sua sabedoria e tivesse morrido sufocado nela.
Segundo Pessoa, Sá Carneiro viveu num tempo em que qualquer privilégio era um castigo:
“Nada nasce grande que não nasça amaldiçoado, nem cresce de nobre que não se definhe, crescendo…Se assim é, assim seja! Os Deuses o quiseram assim.”
O poeta é pintado como aquele que morreu, vítima da sua própria ficção. “Estagna só deus fingido, doente da sua ficção”. A tristeza e o fardo da sua vida convertem-se em tragédia. Este artigo é um incrível exemplo romântico da maldição fatal que pesa sobre o génio e, através das palavras comovidas de Pessoa, Sá Carneiro é mitificado numa homenagem comovente que parece justa e necessária.
Pessoa faz uma verdadeira homenagem a Mário de Sá Carneiro num texto comovente, forte e arrebatador. Os dois mantiveram uma longa amizade e nota-se neste artigo toda a admiração que Pessoa nutre por Sá Carneiro, pela sua pessoa e trabalho.
Mário de Sá Carneiro foi um escritor português nascido em Lisboa no ano de 1890. Frequentou o curso de Direito em Coimbra (1911-1912) mas, desiludido partiu para Paris, onde pretendeu continuar os estudos. Porém, não frequentou as aulas e preferiu a vida boémia dos espectáculos, das ruas e dos cafés (o parisiense Cafe de la Paix, de que Sá Carneiro era cliente, tem desde 1900 uma placa evocativa do poeta). Na capital francesa, a que chamou “cidade da minha ternura” cultivou uma vida singular, valendo-se da protecção paterna e ligando-se a uma rapariga de rua, Heléne. Em 1916, a viver no Hotel de Nice (Montmartre, Paris), suicidou-se com cinco frascos de estricnina tendo convidado um amigo seu, José de Araújo, para lhe assistir à agonia.
Fernando Pessoa, com quem Sá Carneiro mantinha uma forte amizade, desde 1912, escreve neste artigo:
“Génio na arte, não teve Sá Carneiro nem alegria nem felicidade nesta vida. Só a arte, que fez ou que sentiu, por instantes o turbou de consolação. São assim os que os Deuses fadaram seus. Nem o amor os quer, nem a esperança os busca, nem a glória os acolhe. Ou morrem jovens, ou a si mesmos sobrevivem, incolas da incompreensão ou da indiferença. Este morreu jovem, porque os Deuses lhe tiveram muito amor.”
Mário de Sá Carneiro, segundo Pessoa neste artigo, teve uma vida miserável, dedicada à arte e preso ao facto de ser um génio. Era adorado pelos Deuses, e por isso sofria neste mundo de humanos. Sá Carneiro era mais do que humano, era um ser dotado de sensibilidade e inteligência. Vivia aliado deste mundo, agarrado às suas verdades que todos nós temos por mentira. Era um inovador no seu tempo e sofreu na sua grandeza como se não conseguisse gritar toda a sua sabedoria e tivesse morrido sufocado nela.
Segundo Pessoa, Sá Carneiro viveu num tempo em que qualquer privilégio era um castigo:
“Nada nasce grande que não nasça amaldiçoado, nem cresce de nobre que não se definhe, crescendo…Se assim é, assim seja! Os Deuses o quiseram assim.”
O poeta é pintado como aquele que morreu, vítima da sua própria ficção. “Estagna só deus fingido, doente da sua ficção”. A tristeza e o fardo da sua vida convertem-se em tragédia. Este artigo é um incrível exemplo romântico da maldição fatal que pesa sobre o génio e, através das palavras comovidas de Pessoa, Sá Carneiro é mitificado numa homenagem comovente que parece justa e necessária.
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